13 a 15 de março de 2020, em Monteverde, Costa Rica
De um barquinho de papel com sementes, que navegou dos EUA em 2013 para o Brasil em 2016, nasceu o AoH Mates Gathering reunindo praticantes de diversos lugares do mundo.
Em nossa terra tropical o barco se transformou em borboletas que levitaram os Mates para polinizar a Colômbia em 2017. De lá das montanhas, as borboletas se metamorfosearam em sapinhos coloridos que saltitaram até a Costa Rica para fecundar a América Central com a nossas conversas poderosas em 2020.
Foi, então, que nos cerca de 1400 metros de altitude, na Finca Camino Nuevo, em Monteverde, terra Pura Vida, onde podíamos ver o pacífico ao longe e tínhamos um encontro marcado nos fins de tarde com o arco-íris, que pudemos celebrar, aprender e nos conectar novamente enquanto comunidade de prática da arte de anfitriar.

Como que num fractal do mundo, nos encontramos em meio aos avanços do COVID-19, o que nos forçou a iniciar buscando acordos coletivos para nos protegermos. Pensávamos não somente em nós, mas em como não nos tornamos vetores do vírus para outros quando voltássemos para a casa. E seriam caminhos longos: Estados Unidos, Espanha, México, Guatemala, Colômbia, Brasil e Argentina.
Nosso querido time de anfitriões – Marcela Sotela, Octavio Aguirre, Maria Mercedes Gálvez e Giancarlo Pucci – preparou um fluxo suficientemente leve e forte. Tanto capaz de acolher as necessidades emergentes do grupo, como a de visitar a região, zelar por dores da prática, e promover um encontro geracional; quanto de sustentar as suas próprias vontades de lançar as sementes do AoH na Costa Rica, ampliando a comunidade, e de re-significar os princípios da rede internacional para a América Latina.

Num dia, por meio de Círculos, experimentamos mapear histórias de comunidades de prática intencionais, situando-as no tempo e colhendo aprendizados emocionais vivenciados com as mesmas.
Noutro, pela manhã, com o Pró-Action Café, oferecemos nossas perguntas poderosas e observações para três incríveis projetos desenvolvidos pela comunidade local de Monteverde. Um deles foi sobre encontros comunitários para resgatar a convivência e promover economia local. Outro sobre como unir ofertas e demandas locais criando uma ponte entre o trade turístico e os produtores locais. E o próprio empreendimento que nos acolhia, a Finca Camino Nuevo. Na tarde, seguimos para uma reserva local chamada Agouti, onde pudemos encontrar árvores gigantes de mais de 400 anos e aprofundar nossas relações conosco e com a natureza.
No terceiro e último dia oficial, resgatamos os princípios da rede escritos em 2005, na época feito pela primeira geração dos chamados stewards (guardiões) da rede, segundo consta, no quintal de Tim Merry. Sem a ambição de alcançar verdades a serem entalhadas em pedra, separados em grupos por línguas, exploramos nossas interpretações, sensações e julgamentos sobre as declarações traduzidas do inglês para o espanhol (o que já transcende o original). Recebemos contribuições virtuais de praticantes brasileiros e argentinos. Com triângulos e círculos apontamos o que nos desconfortava e o que nos conectava mais. Rascunhamos declarações propondo novas contribuições, algumas entoavam desabafos, outras quiçá serão incorporadas pela rede internacional porque farão sentido para um coletivo além América Latina. De modo geral, essa grande e profunda conversa provocou trocas e questionamentos sobre os limiares da prática, o honrar o encontro do velho e do novo, a tradicional dança entre a estrutura e a fluidez, o nomear das bordas e das membranas, mesmo que permeáveis, da prática. A conversa foi tão forte que extrapolou o tempo dedicado a ela, como sempre. O almoço daquele dividiu o grupo. Uns dedicaram-se a pensar o grande fechamento; outros não resistiram em continuar a sessão da manhã.
Por fim, constelamos em grupo as questões que mais tocavam em cada um relacionadas à prática da Arte de Anfitriar com a intenção de observá-las e promove-las no futuro, se possível, para um círculo ampliado de praticantes. Entoamos: – A prática, a consciência, a vida em AoH, e a separação do ser humano, nós mesmos e a autenticidade; – Paradoxo: queremos que a rede cresça, mas cuidando dela; – Aprendo que fazemos a distinção entre vida, ser humano e natureza; – O mundo está tão complexo que estamos bem em não saber e não focarmos nas respostas, mas sim nas perguntas; – No contexto da comunidade latino américa, esse terreno precisa de transformação, e não podemos nos negar e nos cegar ao poder da prática; – Quão aberta está a rede na América Latina para uma transformação estrutural na forma em que facilitamos nossos processos?; – Qual é a melhor forma AoH de ensinar e aprender AoH?; – Quero ser parte da comunidade AoH desde o que sou e como venho. Na sequência, mapeamos sinergias, e potenciais colaborações futuras.

Ademais, como não poderia deixar de ser num Encontro Latino Americano de Praticantes da Arte de Anfitriar, dançamos, choramos, sorrimos e sonhamos sobre como continuar aprofundando e evoluindo com essa prática em comunidade intencional.
E foi assim que da terra dos beija-flores, Aerin Dunford e Victor Mochkofsky, criaram um convite magenta, com asas de folhas de condor e águia, que se fundiram para continuar sustentando nosso campo de prática Latinosulcentroamericano da arte de anfitriar. Nosso próximo encontro presencial será em algum ponto mágico aí.
E isso não importa. O que importa é continuarmos juntos, nos acompanhando e evoluindo na prática. Até 2022, em algum lugar no meio do nosso campo Latinosulcentroamericano de prática da Arte de Anfitriar Conversas Significativas e Colher Resultados que Importam.

Possível perceber nesse relato as sensações experimentadas presencialmente! E, pensando na importância de seguir inovando em ressonância com a “essência”, com a origem, com a intenção!
Gratidão!
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